domingo, 25 de novembro de 2012

~ Realidade Com Fim Fictício ~

Não tinha papas na língua.
Porém era tímida.
Escondia bem o seu lado ruim.
Poucos sabiam. Poucos a conheciam. 
Na frente de parentes era a boa filha.

A estudiosa, a comportada, a criativa bem educada.
Em casa era o desastre, a abobalhada, a escandalosa mal educada.

Ela tinha ciúmes.
Inúmeros motivos faziam-na entupir-se dele.
Suas primas pareciam filhas e tias
E ela, só uma desconhecida como um parente distante dentro de casa
E na frente dos amigos, pra uns era a inteligente e criativa.
E para muitos só uma vadia louca qualquer.
Era difícil conquistá-la, e para alguns fácil beijá-la.

Uma hora a análise vem e as verdades são atiradas em sua face.

- “Ele gritou comigo? 
Nesse momento percebi que havia ficado mais velha.
Retardados... Tremendo retardado.
Meus dedos tremem. Meu abdômen dói.
Sinto-me enojada. As reviravoltas aqui dentro dizem.
Fome. Era pra eu ter me alimentado direito ontem.
Pelo menos eu estaria melhor disposta hoje.
Reclama da minha voz mas a culpa é sua.
Quem me criou assim?
Vou reclamar falando baixo? Desculpe-me mas não sei fazer isso.
Você me manda pra puta que pariu agora mas quando eu realmente for você vai chorar todos os dias.
Eu também vou chorar. Mas o meu orgulho sempre será mais forte.
Terei pena do dia que conhecer-me de verdade.
Você me criou e é a pessoa que menos me conhece no mundo.
É legal ver uma máscara bonita não acha?
Droga. Eu não posso ter anemia.
Isso me lembra que não terei mais coisas.
Foi você quem disse.
Tudo porque eu reclamei de uma lasanha. Puta que pariu digo eu!
Mas que inferno você está vivendo?
É necessário desabar todas as suas mágoas pra cima de mim?
Eu estou pouco me importando para as minhas quanto mais as do resto da família.
Elas não levam a nada mesmo.
Só o tornam uma pessoa fria. Chata. Ignorante. Estressada. Mau humora... Oh wait!
Acho que já sei o que esta acontecendo aqui...

Eu fiquei adulta. Eu preciso estudar. Eu preciso dirigir. Eu preciso manter uma postura. Eu preciso entrar na faculdade. Eu preciso… Agir como adulta. Eu preciso… gostar de coisas de adulto…”
 
Ela perdeu um bom tempo pensando.

Mas ela não queria abandonar sua zona de conforto.

Precisariam arrumar outra filha.
Aquelas palavras a feriram.
O que ela havia feito de errado?
Então de tanto se inquietar por tanta pressão. Eram tantas perguntas, eram tantas obrigações.
Não suportou. Desistiu, correu e pulou.

“Pobre covarde.”
”Segundo andar.”
“Não suportou a pressão.”
 
– Comentários de pessoas aleatórias sobre o caso.


Atingiu o vidro.
Partiu-o em míseras partes.
No chão haviam pedaços.
Estava lá, caída, partida.
Cacos.
Dela e de vidro.

 

►NowPlaying: World Behind My Wall – Tokio Hotel

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