quarta-feira, 19 de setembro de 2012

~ Memories? Kill It With Fire ~

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Diário. Um lugar mágico onde no passado a maioria das pessoas escreviam o seu dia-a-dia.

O que pensavam, o que sentiam, o que queriam…

Colavam etiquetas de roupas novas, imagens de desenhos que assistiam, ingressos de cinema, papéis de doces que gostavam…

Bom, pelo menos o meu diário era assim.

Até que um dia, por ter sido lido por quem não deveria, e por suas reações tão… Escandalosas e traumatizantes, rasguei em minúsculos pedaços. Risquei o fósforo e assim vi cada peça de minha memória infantil e inocente em cinzas ser levada pelo vento.

Não considero aquele um bom dia. E pelo o pouco que eu me lembro não considero muitas das coisas que eu escrevi sobre, situações das quais eu compartilharia com alguém. A única pessoa que tenha vivido a mesma coisa, bom, talvez nem se lembre mais disso.

Irônico dizer que é a mesma pessoa a qual motivou-me a criar e escrever no blog, sem saber que eu fazia isto. Agora, o engraçado é lembrar que antes, durante um bom tempo eu dizia que ele seria a última pessoa a saber disto aqui.

E hoje é um dos leitores. Aconteceu por minha vontade, não sabia como falar coisas que apenas textos poderiam dizer… Lembro que já cheguei a bloquear o blog por alguns meses, apenas eu poderia visualiza-lo, não teria coragem de excluí-lo porque apesar de retratar muitos momentos tristes, decidira preservar o lado poético enriquecido de metáforas. Mas depois pouco me importei, não acreditava que alguém teria algum interesse em continuar lendo. Até que… Mais uma vez veio para surpreender-me, talvez deva ser isso o que eu admiro nele: Surpresas.

Anônimo. Um estranho, um admirador secreto, encantado pelo o que eu escrevia, um homem bem mais velho do que eu atrás de garotas mais novas, um pedófilo, pensei, mas eu já sou quase maior de idade, seria pedofilia? Viajei… Mas não dei muita importância, mas algo chamava a minha atenção, a curiosidade sempre é maior do que minha razão nessas horas. Então desconfiei de amigos, criei etapas eliminatórias, pensava em talvez, uma pessoa a qual eu fosse conhecer e conforme ele se mostrava, parecia ser, o cara perfeito. Imaginei mil coisas, mas recusava-me a acreditar que poderia ser ele. Não. Não poderia ser. Seria contra as regras, Seria contra tudo o que ele havia me dito no passado.

Criei eliminatórias, perguntas cujas eu já sabia a resposta de cada participante. Todos descartados, só sobrara aquele o qual eu recusava-me a acreditar que fosse, ou uma cópia perfeita de gostos dele com os meus, tantas coisas em comum que, talvez dessa vez alguém pudesse fazer eu me sentir bem. 

Insistira em meu telefone… Ainda havia a possibilidade de ser tudo coincidência e ainda estar falando com um desconhecido. Hesitei e enrolei algumas vezes. A angústia me venceu, eu queria falar com ele. Seja lá quem fosse. Mas no fundo havia a certeza da voz que seria quando eu ouvisse:

- Oi, tudo bem com você? 

Bom, não fora esta a primeira frase. Mas na primeira palavra… Os meus batimentos haviam disparado (que droga! Estou sendo sincera demais!).

Era a voz dele. O medo de ser um desconhecido com uma voz muito parecida com a dele havia misturado-se com aquele turbilhão de emoções escondidas que no momento haviam sido remexidas.

Ele ainda conversava fingindo ser um desconhecido. Idiotas. Eu não sei fingir. E eu também ainda me lembro de cada detalhe seu feito a palma da minha mão. Você é quem me desconhece agora.

Enquanto fingíamos ser apenas desconhecidos, era tudo pacífico, aconchegante e inspirador. Eu recebia elogios, perguntas interessadas em minha pessoa. Que mulher não gosta disso? Sorríamos. Quer dizer, de minha parte sim, era bom ouvir sua risada e suas brincadeiras, até mesmo quando tenta me enrolar. É divertido, isso eu não posso negar.

Até que decidi voltar a realidade. Decidi que conversaríamos como os melhores amigos (?) que havíamos sido. Após muitas enrolações e após eu chama-lo pelo nome. Parece que as coisas nublaram-se para mim.

Eu pedi a sinceridade, o realismo, então este fora o meu presente: Os elogios passaram a pertencer a outra pessoa, os planos, os sentimentos… A mim sobraram apenas as palavras frias, as brincadeiras que eu não gosto, e o adeus mais uma milésima vez. Eu revivera de novo o lado insuportável dele que eu tanto fiz para me afastar. Mais uma vez pensei que havia mudado, mas esqueço-me que pra mim, as coisas só pioram quando dependem dele.

Eu ainda não sei o que eu fiz de errado. Ou se lido com uma pessoa com doenças mentais. Como uma pessoa pode dizer que gosta, que adoraria a sua presença, mas que alguns dias depois diz exatamente o contrário justamente por preferir o de outra pessoa, justo no momento em que eu também adoraria fazer e dizer exatamente as coisas que foram-me ditas? 

Não gosto de lembrar deste acontecimento. Porém, não me arrependo do que aconteceu. Fico feliz por ter conseguido dizer, mesmo que , algo que eu havia prometido jamais fazer na sua frente, algo que sempre luto para não demonstrar a ninguém. Eu consegui dizer tudo, consegui expressar tudo o que estava guardado dentro de mim a quem eu deveria realmente falar mesmo que entre tantas lágrimas. Dessa vez ele não pediu para que eu parasse de fazer isso. Posso ter dito muitas palavras que não escrevo aqui, justamente por querer manter a formalidade. Deveria ter sido mais formal, e não utilizado tantas palavras chulas. O nervosismo removeu minha compostura. Quando disse que havia mudado… Não era em relação a isso...

Ter sonhado que conversava com ele como antes… Aquelas roupas, aquele lugar tranquilo e verde, risos e olhares. Confesso que não gostei de ter acordado lembrando disso. Pois, eu juro, não é invenção minha, ou qualquer alucinação. Não sei o que poderia chamar isso, não é um dejá vù, mas a única coisa que eu tenho certeza que vem me acontecendo depois que perdemos o contato é que:

Sempre que eu sonho espontaneamente com ele é porque vou vê-lo em alguma parte do dia. Sempre. 

Dessa vez não poderia ter sido diferente. Mais um dia da mesma rotina e na volta para minha surpresa, enquanto ouvia uma música que fazia-me pensar em tantas coisas, eu o avistei pela janela do ônibus, caminhando, sozinho. Queria poder dizer um leve ‘psiu’ ou um pequeno aceno. Mas considerei que seria ridículo de minha parte, então continuei apenas observando-o. Ah! Como não poderia deixar de comentar: Não gosto de seu cabelo curto. Mas que se dane a minha opinião. Não é ela que importa.

Ainda não sei o que motivou-me a escrever isso. Quer dizer, no fundo eu sei. Melhores amigos não abandonam simplesmente o outro por estar vivendo uma fase, por ser ‘contra ética’. Um melhor amigo sempre vai se importar com o outro, eles não desaparecem, eles confiam um no outro, não guardam mágoas e no fim sempre acabam se perdoando.

Melhores amigos não dizem adeus… Eles dizem: Até depois... Pois eles sempre sentem falta um do outro, eles sempre voltam a se falar no final.

Não é difícil de se acreditar que eu hoje em alguns momentos penso que quando ele mudou, nunca tratou-me como sua melhor amiga, se diz que sou, poderia provar-me o contrário?

O que eu poderia ter feito para lhe dar tantos motivos para fingir me esquecer e recusar até mesmo algum pedido meu? Apesar de tudo, eu ainda gosto de conversar tá? Eu só queria que ele agisse e falasse como meu amigo, e não como um infeliz que eu deveria esquecer. Eu lhe ofereci uma oportunidade de me conhecer realmente, de deletar o passado, e agirmos como pessoas adultas no presente, sem brigas, sem enrolações. Ao invés de deixar tudo tão confuso como está. Confesso que ainda não desisti, ele sabe como onde me encontrar.

Deveria apagar os textos ”Espelho D’Alma” e “Alguém” ?
Afinal, foram palavras ilusórias de um personagem fictício que motivou-me a escrever. Mas não irei apaga-los, se fizer isso, estarei realizando o mesmo ato de anos atrás. Não quero queimar este meu diário.

Sejam boas, sejam ruins, estas são minhas memórias.

 

►NowPlaying: You Know I'm No Good – Amy Winehouse

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