sábado, 6 de outubro de 2012

~ O Banho ~

Parte 1 – ‘HidroParaíso’
Um giro rápido.
Água, corpo e vapor embrenham-se num box.
Sensação arrepiante.
Agacho-me.
Água fervilhava pelas minhas costas.
Fechava os olhos com prazer.
Tantas coisas para pensar.
Vejo meu reflexo na água sob meus pés.
Havia a forma de um coração.
Pobre romantismo esfacelado.
Enquanto refletia, gotas percorriam a minha pele nua.
Desciam-me pelas coxas. Fazem o meu contorno.
Nu artístico. Mas não revelaria meus segredos mais íntimos para um qualquer.
Mas uma boca, um desejo, uma lembrança contornavam pelas minhas silhuetas.
Sonhos vazios.
De tão sozinha, não havia alguém para satisfaze-la mesmo no lugar onde qualquer um poderia existir. Nenhuma personalidade encaixava no seu preferencial a não ser ela mesma?
Os pensamentos assustavam-me enquanto o calor derretia minha pele.
Girava de volta.
O relaxante barulho de cascata cessava.
Um espelho embaçado. Um sorriso, um olhar psicopata. Secava o rosto. Recolocava a máscara. Ajeitava o cabelo. Um sorriso doce. Uma pessoa normal.
O lado oculto se recolhia.

Parte 2 – Refúgio
Fecho a cortina e impeço-me de ver o tempo.
Silêncio na minha clausura.
Calafrios percorrem minha espinha.
Olhares. Eles estão a espreita em toda parte.
Qual criatura perversa minha mente irá criar dessa vez?
Que par de olhos vermelhos irão me fazer correr e gritar pelo corredor escuro na madrugada mais uma vez?
Medo... Que não só me trás historias engraçadas (sempre coloco uma pitada de humor nas minhas situações irreverentes para que as pessoas não vejam-me chorar feito criança ou reclamar feito um idosa), o medo só serve para prejudicar minhas atitudes.
Ele lesa minha mente. Ele me traz nervosismo.
Necessito parar. Eu sei que nada irei ganhar contando isso. Mas é a única coisa que eu faço.
A única coisa que me mantém sendo... Útil (?)

Parte 3 – Despertar
Assim que acordasse pela manhã, voltarei a realidade.
A minha rotina que havia sido quebrada por festas e alegrias entre amigos e familiares.
Mas... Com o que irei sonhar?
A minha ‘vida noturna’.
Existem tantos lugares para visitar. Mas para chegar ate lá existe um preço a pagar.
Minha sanidade.
Visitar os lugares oniricos fazem apegar-me mais ao lado ilusório e sentir repulsa pela realidade.
E isso não pode acontecer. Não de novo.
Já experimentei as consequências.
E hoje tenho que cuidar sozinha das sequelas.

Aqui se encerra um breve resumo de minha rotina.

 

►NowPlaying: Tomorrow Comes Today – Gorillaz

Nenhum comentário:

Postar um comentário