segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

~ Ela ~

Uma piscada e logo já se sente o ardor…

Olhos vermelhos de noites viradas pensando sobre o passado e o futuro, tornando inútil o presente. Compartilhando fotografias de lugares onde gostaria de estar, entre leves cochilos fazendo-lhe sonhar.

Ela tem vontade de conhecer pessoas novas. Ela deseja desconhecer certas pessoas conhecidas, ela gostaria de mudar o passado tornando-se uma pessoa diferente no futuro.

Ela diz que odeia moda e toda essa futilidade do capitalismo, mas ela bem que gostaria de ganhar umas botas de cano alto de couro e um sobretudo negros que lhe caíssem bem.

Ela que acha tão ridículo os pensamentos de meninas por príncipes encantados que talvez vivam em sua Terra do Nunca. Mas no fundo ela ainda sonha e espera que algum cavalheiro desastrado venha e lhe faça rir e corar com frases clichês.

Ela sempre vai dormir com os mesmos agradecimentos e alguns mesmos pedidos de sempre. Poucos, depois de um longo tempo se realizam, outros ela mantêm pois ainda espera pacientemente para que sejam realizados ou descarta-os pois foram partidos.

As vezes ela deseja ser notada e contemplada por alguém que a abrace numa cidade iluminada sob uma noite estrelada. E às vezes ela apenas gostaria de se perder em algum vilarejo de pessoas desconhecidas.

Enquanto isso não acontecia, ela mergulhada em seu mundo de ilusões, usava o seu melhor vestido e sempre dançava e beijava como se fossem sues últimos momentos em vida.

Será que ela poderia dizer que curtiu? Será que deixar de enxergar a realidade por um momento e imaginar que tudo aconteceria do jeito que ela quisesse fosse tão benéfico assim?

Sinceramente, nem ela sabe. A única coisa certa a se afirmar é que tudo o que aconteceu ela carrega numa mala de papelão sem alça com pedras num dia chuvoso chamada memórias… Que tanto atormentam, que tanto lhe fazem sorrir, e que tanto atrapalham a sua preciosa concentração.

Ela erra demais… Sim, e como erra! Mas e como ela aprende e desaprende e torna a errar. Seria excesso de confiança ou de insegurança? Que utilidade teria toda essa indecisão na hora de fazer escolhas para traçar o seu futuro, tão abarrotado de grandes expectativas?

É algo que somente ela pode mudar, ou consertar.

E nossa! Como ela tem um grande coração! Tão grande que não irá caber mais em seu peito de tanta gente que você abriga aí!

Vozes diziam espantadas dentro de sua mente.

Ela sorriu friamente pois sabia que não possuía um coração... Apenas caquinhos que imploravam para o primeiro que lhe desse atenção uma agulha e uma linha para consertá-los. Ela sabia que existiriam cicatrizes, mas já havia passado por tantas coisas que a dor seria ínfima.

 

►NowPlaying: Handle Me – Robyn

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